Não pretende concorrer com outros canais de televisão e tem um representante de cada partido na direcção
Pinto Balsemão, Zeinal Bava, José Eduardo Moniz, Manuela Moura Guedes, Mário Crespo, Felícia Cabrita, José António Saraiva... o lote de convidados é de luxo e apetecível para qualquer televisão, mas só uma os conseguiu a todos: a AR TV, o canal que emite da Assembleia da República e que é seguido por uma audiência média de 75 mil pessoas, de acordo com os números da Marktest. A quota de mercado é de 0,1%, o mesmo que, por exemplo, o Biography Channel.
A AR TV não segue critérios jornalísticos e, de acordo com o deputado Luís Campos Ferreira, não pretende sequer competir com outras televisões. "Pretende ser uma fonte para os jornalistas", precisa o representante do PSD no Conselho de Direcção (CD) do Canal Parlamento e um dos seus fundadores, com José Magalhães (PS) e António Filipe, deputado do PCP, que também continua no CD. "Decidimos não fazer edição, emitir imagens em bruto, que não houvesse filtros jornalísticos".
O canal nasceu em Setembro de 2002 e o que vai para o ar segue uma ordem de prioridade elaborada quando a AR TV iniciou as suas emissões. O que vai para o ar não vai ao acaso, frisa Campos Ferreira, em declarações ao DN. "O critério definitivo é o convidado e depois há sempre uma porta aberta a outras questões, que é o interesse nacional", avança o deputado. "Mas ainda nunca foi preciso recorrer a ele", acrescenta. Os membros do Governo têm sempre prioridade, depois os convidados das comissões. É por isso que todas as audições da Comissão de Ética têm ido para o ar em directo, excepto a do director do semanário Sol, que aconteceu no dia em que o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, esteve no Parlamento.
A deliberação n.º 2/CDCP/2002 estipula as regras que regem a programação da AR TV, gerida por um Conselho de Direcção da AR TV, composto por uma pessoa de cada partido com assento parlamentar (ver caixa). "Antes reuníamo- -nos todas as quintas-feiras à tarde, agora não. Podemos resolver pelo telefone. Dentro dos critérios automáticos, decidem os serviços [do Canal Parlamento]", explica.
A quota de mercado canal cresceu uma décima em Março, mas foi a 5 de Fevereiro que o Canal Parlamento registou as sua melhor audiência em 2010. Nesse dia houve votação da Lei das Finanças Regionais, em que Pedro Bacelar Gouveia e Jorge Reis Novais foram à Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias falar do casamento entre pessoas do mesmo sexo, tomou posse a comissão eventual de inquérito para as comunicações móveis e reuniu-se a comissão eventual de corrupção. A audiência média foi de 3,2%, o canal chegou aos 97 mil espectadores de audiência média.
por LINA SANTOS in Diario de Noticias 2010-03-11